Estou finalmente em paz. Em paz com o espelho, em paz com a balança e, mais importante, em paz comigo.
No dia 3 de Janeiro de 2015 (já passou mais de um ano e lembro-me como se fosse hoje) subi à balança e caiu-me a ficha. Embora treinasse todos os dias (coisa que, na verdade, faço desde que me lembro de ser gente) nunca tinha estado tão pesada. Estava uns bons 8 kg acima do meu peso habitual e nem me tinha dado conta. Pode não parecer assim tanto, mas a verdade é que era.
Nesse dia, quando cheguei a casa, despi-me e fui para a frente do espelho do quarto. Senti-me o boneco da Michelin. Chorei e decidi que a minha vida mudava a partir daquele instante. E mudou mesmo. Ser obstinada é uma das minhas grandes qualidades e um dos meus maiores defeitos. Mas, neste caso, ajudou-me a chegar onde queria.
Li muito sobre o que comer e não comer. Comecei a correr antes dos treinos diários que já fazia e mentalizei-me que ia perder aqueles quilos a mais e nunca mais os ia ganhar. Não foi, aliás, não é fácil até porque adoro comer - doces, salgados, massa, arroz, de tudo mas fui aprendendo a comer bom mas saudável e sem precisar de me privar de nada. Continuo a comer doces (mas tento que seja só ao fim-de-semana e com moderação), pizzas ou batatas fritas. Houve coisas que eliminei da minha alimentação (refrigerantes, por exemplo) mas por serem coisas que nunca me deram grande prazer comer ou beber e, por isso, passo bem sem elas. O segredo é, clichés à parte, o equilíbrio. Se num fim-de-semana abuso mais do que o que devia, durante a semana compenso comendo melhor (ou ajustando as quantidades) ou fazendo mais corridas do que o habitual.
Correr não é uma actividade que me dê tanto prazer quanto isso. Muitas vezes é penoso, mas quando se acaba a sensação é óptima. Para além disso acredito que é uma forma muito eficaz de queimar calorias. Como motivação todos os meses vou estabelecendo metas a alcançar: ou melhorar determinado tempo ou fazer mais quilómetros. Parecendo que não a sensação de superação ajuda, e muito, neste processo.
A verdade é que num ano, e sem sofrer horrores nem privações, os tais quilos a mais foram à vida e nunca mais voltaram. Mesmo sabendo que para me manter assim - e querendo continuar a comer o que como - terei que correr todas as semanas sei que vale a pena. Olhar-me ao espelho e sentir-me tranquila, feliz e em paz vale cada minuto que passo a correr.