Demorei a escrever este post porque me faltavam as palavras. As palavras para descrever, as palavras para agradecer, as palavras partilhar. Hoje, dois meses depois continuam a faltar, mas sei que é melhor pôr mãos à obra, sob pena do passar do tempo me fazer esquecer algum pormenor. Assim sendo, vou retroceder dois meses, para aquele que foi o dia mais feliz da minha vida.
Sonho. É a palavra que melhor descreve o dia do nosso casamento. Foi a perfeição de manhã à noite.
Na noite anterior ao casamento dormi pouco, mas bem. Acordei muito antes do despertador tocar, quando ainda não eram bem 7H30. A primeira preocupação foi abrir a persiana e espreitar o tempo - na quinta-feira tinha chovido torrencialmente, trovejado furiosamente e tinha estado o tempo mais cinzento, feio e triste de que havia memória num dia de Setembro. Estava sol! Sorri muito, bati palmas e dei graças a Deus por ter ido com a minha mãe, na sexta-feira, a Vila do Conde, oferecer ovos à Santa Clara. Voltei para a cama e entreti-me a ver emails de quem estava longe e já desejava que o dia fosse mágico e a ler mensagens das minhas queridas Damas de Honor, preocupadas com o estado de ansiedade da noiva.
Curiosamente, a noiva - eu! - estava zero nervosa. Estava feliz, sorria muito. (Acho que sorri o dia inteiro!). Só queria que fossem 16H00 para ver o noivo e concretizar o sonho que planeávamos há já mais de um ano - casar!
Por volta das 9H00 saí para o cabeleireiro onde a minha querida Ana me tratou tão bem como de costume. Acho que foi aí que me comecei a sentir como uma princesa. O penteado ficou per-fei-to! Melhor do que na prova ou do que em qualquer imagem de inspiração que tivesse visto no Pinterest.
Rumei à casa onde tinha dormido pela última vez (sim, fomos antiquados e só começamos mesmo a viver juntos depois do casamento!) e onde me iria maquilhar e vestir. Pelo caminho recebo uma chamada da maquilhadora a dizer que está atrasada - Ok, sem stress! Estava imperturbável nesse dia e nada abalava a minha felicidade. Pelo caminho fui buscar uma das Damas de Honor e vê-la linda e maravilhosa só me deixou ainda mais feliz.
Cheguei a casa e as minhas queridas mãe e cunhada já estavam prontas e à minha espera. À minha espera estavam também uns salgadinhos. Pestiquei qualquer coisa, não por fome mas por saber que só iria comer dali a muiiiitas horas. Começaram a chegar as queridas Damas de Honor, os avós, o irmão, o pai, os tios e depressa a casa virou reboliço. Eu? Continuava calma, serena e muito, muito feliz.
Entretanto chegaram os fotógrafos e, instantes depois, a maquilhadora. E a partir daqui o tempo começou a VOAR! A maquilhagem fez-se em menos de nada, num ambiente muito descontraído - só eu, a maquilhadora e os fotógrafos, sem grande confusão à minha volta. Vesti-me com ajuda da mãe e das Damas de Honor e foram disparados mais uns quantos flashes (ainda não há fotos, mas estou cada vez mais ansiosa por poder vê-las! as expectativas estão altíssimas!). Sentia-me uma verdadeira princesa, num vestido maravilhoso. Daí a nada estava enfiada num carro clássico, branco e lindo, e a caminho da quinta, onde se iria celebrar a missa e o copo d' água.
Tinha trocado meia dúzia de mensagens com o noivo de manhã e já só queria vê-lo, abraçá-lo e ter a certeza que aquele dia estava mesmo (e finalmente!) a acontecer. À medida que o carro andava o meu coração batia cada vez mais depressa e, agora sim, sentia os nervos tomarem conta de mim. Tinha de fazer um esforço mental grande para impedir o meu corpo de tremer. Chegados à quinta tive de fazer um inesperado compasso de espera no carro já que o Sr. Bispo que ia celebrar a cerimónia ainda não tinha chegado. Mais de dez minutos depois, - que a mim me pareceram uma vida! - quando disseram que já estava tudo pronto para a minha chegada, sentia o coração na boca.
Meninos das flores, padrinhos (no meu caso, a minha mãe e o meu avô querido), damas de honor e, de braço dado com o meu pai - que não chorou tanto como estava à espera! - respirei fundo e comecei a caminhar. Fiz questão de não olhar para nenhum dos convidados pois sabia que se o fizesse ia começar a chorar desalmadamente. O meu coração batia como nunca e eu só queria chegar ao pé do meu porto seguro - o homem da minha vida.
Estás linda...linda! - foi o que ele sussurrou ao meu ouvido assim que me viu e já não consegui segurar mais as lágrimas, que começaram a escorrer-me pela cara e não pararam praticamente durante toda (!) a cerimónia. A cerimónia foi de sonho! O cenário, a tenda, as cadeiras, as flores, o tapete de relva, os puffs, foi tudo de uma perfeição indescritível. E a música? De cada vez que a Ana Celeste começava a cantar e chorava (ainda mais) emocionada. Estava a viver um verdadeiro sonho encantado.
Com o fim da cerimónia veio também o fim dos nervos. Estava feliz, nas nuvens, sentia-me a levitar. Chuviscou mesmo no final da cerimónia, enquanto subíamos para o local dos aperitivos, na parte de cima da quinta. Casamento molhado, casamento abençoado (pelo menos assim espero)!
Cumprimentar a família, abraçar os amigos, respirar fundo, descontrair e aproveitar. Na comida nem tocamos, de tão ocupados que estávamos a celebrar (sim, acho que o termo correcto é mesmo este), rodeados de amigos, num verdadeiro ambiente de festa. O nosso amigo Sérgio foi irrepreensível na play-list escolhida e o ambiente foi de total descontracção, com muitas selfies à mistura. Fizemos, claro, uma pausa para tirar fotografias, mas foi tudo rápido porque prescindimos daquelas fotografias individuais com os convidados. Quisemos que as pessoas se divertissem à grande e que não perdessem tempo em filas só para tirarem uma fotografia "pré-formatada" connosco.
A música que escolhemos para entrar na sala do copo d'água não podia ser mais adequada - Love Never Felt So Good. Era mesmo aquilo que sentia. A animação foi uma constante o resto da noite. A playlist do Sérgio foi, mais uma vez, perfeita e os nossos amigos foliões estiveram à altura e o facto de o gin ter acabado é um bom indício da festa que reinou a noite toda. O photobooth que escolhemos fez o maior sucesso e o momento do corte do bolo, com a largada de cento e tal balões iluminados, foi mágico. Toda a decoração da sala estava linda - simples, mas saída de um livro de princesas.
Dançamos muito e rimos ainda mais. Já passava das 5h00 da manhã quando saímos da quinta, com os últimos convidados quase a terem de ser corridos ao pontapé. A noite de núpicias foi passada no hotel Boa-Vista, na Foz. Estava estoirada quando finalmente cheguei à cama e ao mesmo tempo leve e feliz, como se tivesse passado o dia fora do meu corpo, a viver um sonho.
Desde aí tenho andado num estado quase constante de felicidade. Sinto-me embriagada de amor... Só me apetece estar no mimo de casa, no conforto do lar.
Mais do que na memória, o dia 20 de Setembro de 2014 estará para sempre gravado no meu coração. E já lá vão dois meses.
Parabéns, meu amor. E obrigada.