Às vezes olho à minha volta e vejo-me rodeada de pessoas talentosas. Com um jeito abismal para uma coisa (e, por vezes, mais do que uma) que a mim me parece sempre tão complexa e que acaba sempre por me fascinar. O meu irmão, por exemplo, tem um talento tremendo para tudo o que envolva computadores e tecnologias (e não, não estudou informática nem nada que se pareça) e para as ciências - bichos e plantas é com ele. Tenho amigas de economia com um jeitaço para o marketing. Tenho amigas dadas à culinária, dadas à arte, dadas à música, dadas à moda, com talentos que se vêem a milhas. Estar, quase diariamente, diante de pessoas com tanto talento e tanto potencial faz-me muitas vezes duvidar de mim... Elas com tanto jeito para coisas, aos meus olhos, tão complexas e eu sem nenhum talento particular, sem nada que, à primeira vista, me distinga dos demais.
Julgo que se poderia dizer que o meu talento é escrever. Mas será mesmo um talento? É que, melhor ou pior, toda a gente sabe escrever. Sempre disse, desde pequena e depois de me passar a panca do querer ser bailarina-veterinária-professora, que queria ser escritora. Não por achar que seria famosa ou rica mas porque sempre adorei ler, li centenas de livros quando era criança/adolescente e mesmo agora, embora não com tanta frequência quanto desejaria, continuo a ler sempre que posso. Os livros sempre foram um escape, uma maneira de conhecer outros sítios, outras vidas (ainda que fictícias), outras formas de pensar e outras realidades. Os livros eram uns amigos, uma companhia e, de forma mais ou menos consciente, sempre me senti grata aos autores dos livros que me foram acompanhando por me permitirem ter essa sensação de escape e poder proporcionar a outros esse tipo de experiências foi o que me levou a sempre ter querido ser escritora. A isso aliou-se o gosto pela escrita que sempre funcionou para mim como uma catarse, sempre foi uma parte importante da minha rotina - perdi a conta à quantidade de diários que escrevi em miúda - e que sempre me serviu de alavanca à criatividade.
Mas questiono-me tantas e tantas vezes se isto será um talento, se será realmente o meu talento ou se, pelo contrário, não o é de todo. Porque tenho tanto para dizer, tanto para contar que me sinto muitas vezes assoberbada e as palavras não fluem no teclado ou na caneta como fluem na minha cabeça ou quando fecho os olhos. E são estes bloqueios, demasiado frequentes, que me fazem muitas vezes questionar se este talento poderá mesmo vir a ser o meu. Se não for não vou saber o que fazer. Se não for este o meu talento, não me vai sobrar mais nada.
Mas questiono-me tantas e tantas vezes se isto será um talento, se será realmente o meu talento ou se, pelo contrário, não o é de todo. Porque tenho tanto para dizer, tanto para contar que me sinto muitas vezes assoberbada e as palavras não fluem no teclado ou na caneta como fluem na minha cabeça ou quando fecho os olhos. E são estes bloqueios, demasiado frequentes, que me fazem muitas vezes questionar se este talento poderá mesmo vir a ser o meu. Se não for não vou saber o que fazer. Se não for este o meu talento, não me vai sobrar mais nada.